BULA APLICADA POETRIX

BULA APLICADA POETRIX POETRIX (s.m.): poema conciso, portanto minimalista, com título e um máximo de trinta sílabas métricas, distribuídas em apenas uma estrofe de três versos, composto por ao menos um dos seguintes elementos*: Salto, Susto, Semântica, Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade, Multiplicidade, Consistência, onde: SALTO: é a metamorfose da ideia inicial, provocada no segundo ou terceiro verso da estrofe, acrescida de outros significados, permitindo uma nova perspectiva de compreensão do poetrix; SUSTO: é o elemento inusitado e imprevisível que provoca surpresa ao leitor; é a fuga do lugar-comum, da obviedade, que desconstrói e amplia horizontes, mostrando outros caminhos, possibilidades, contextos; SEMÂNTICA: exploração da polissemia de determinadas palavras ou expressões, permitindo a possibilidade de variadas leituras ou interpretações; LEVEZA: jeito multifacetado de utilização da linguagem. Nesse sentido, o uso de imagens sutis deve trazer leveza, precisão e determinação ao poetrix e, com isso, provocar, no leitor, a abertura de renovadas construções mentais impregnadas de imprecisões e indeterminações, de novas possibilidades de interpretar a realidade, de desanuviar a opacidade do mundo. RAPIDEZ: máxima concentração da poesia e do pensamento; agilidade, mobilidade, desenvoltura; busca da frase em que todos os elementos sejam insubstituíveis, do encontro de sons e conceitos que sejam os mais eficazes e densos de significado; EXATIDÃO: busca de uma linguagem que seja a mais precisa possível como léxico e em sua capacidade de traduzir as nuanças do pensamento e da imaginação; VISIBILIDADE: qualidade de expressar e pensar imagens, colocando visões em foco; reflexo da qualidade imagética do poetrix, em cor, sombra, contorno e perspectiva; é o substantivar da poesia; MULTIPLICIDADE: expressão da pluralidade de possibilidades intertextuais e polissêmicas, provocando interações e (re)criando formas; CONSISTÊNCIA: através da fuga das obviedades, dos lugares-comuns, buscando se expressar de forma original, quando o Poetrix rompe, naturalmente, com antigos esquemas simplificantes e reducionistas e investe num sistema complexo, cujas categorias são opostas à simplicidade: a complexidade, a desordem e a caoticidade, próprias de sistemas não lineares, capazes de realizar trocas com o meio envolvente. Na composição do Poetrix, utilizando o que for mais adequado e melhor se conforme ao conteúdo e/ou mensagem pretendidos, o poetrixta DEVE: • Explorar as diversas possibilidades que o título dá ao autor, uma vez que é ele quem dá mote e significado ao texto, não sendo considerado na sua métrica. • Transmitir a mais completa mensagem em um menor número possível de palavras e sílabas. • Utilizar metáforas, neologismos, tropos, imagens e outras figuras de linguagem na sua composição. • Propiciar interação autor/leitor provocada por mensagens subliminares ou lacunas textuais. • Promover a multiplicidade de sentidos e/ou emoções, não se atendo necessariamente a um único significado. • Utilizar indistintamente os tempos verbais pretérito, presente e futuro. • Provocar interação entre o autor, as personagens e o fato observado, através da criação, inclusive, de condições supra reais, cômicas ou ilógicas (nonsense). • Evitar a utilização da rima, bem explorando o ritmo, a sonoridade e a riqueza semântica das palavras, sempre lembrando que não há rigor na distribuição métrica dos versos. • Evitar menosprezar a inteligência e a perspicácia do leitor, na indução do entendimento de significados e sentidos, empregando aspas, barras, parênteses ou outros caracteres especiais como pontuação de ênfase. • Evitar que um verso dependa do adjacente para ser frase de completo sentido. * inspirados nas Seis Propostas para o Próximo Milênio, de Ítalo Calvino

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